domingo, 15 de fevereiro de 2009

o tempo erra.

Rabisquei o lado inteiro da folha antes de começar, fiz assim pq logo que pensei sobre o que escrever, veio um tumulto de imagens se chocando no meu cérebro, como se fossem tão fortes que não precisasse de mais nada além de rabiscos, ou então foi puro pavor de rever o modo imbecil como deixei tais coisas pra trás.
Os rabiscos não vão aparecer assim que eu digitar essas palavras, mas quis começar dizendo sobre eles, talvez seja menos usual do que começar com 'Ainda me lembro..'.
Era um sorriso tão enorme, e um desleixo sem igual, toda a timidez escondida por trás de um jeito enjoativo de chamar atenção...
Por dentro de mim, era uma torcida absoluta pra que eu fosse notada entre tantas outras, confesso que naquele dia nao haviam muitas coisas que eu pudesse fazer, estava com um uniforme azul turquesa, quem encantaria alguém com azul turquesa?, restava só torcer pra que ele caísse na minha frente por conta dos cadarços desamarrados, quem sabe...
Os mesmos cadarços desamarrados do all star azul, que me esperavam enquanto eu caminhava tremendo da cabeça aos pés, o chão já não estava ao meu alcance, foi um desses beijos que a gente lembra pra vida inteira, e não era só eu que tremia, aí é que se percebe que tanta coisa acontece, mas o tempo sempre erra, ou sempre nos faz errar, talvez de propósito, talvez só pra ver até onde a gente vai...
Ele era melhor que eu, me olhava como quem dizia 'eu nao vou embora, eu nunca vou embora'
Eu nunca contei que era fraca demais pra uma coisa desse tamanho, nunca contei por saber que ele via força em mim, como quando o telefone tocou e eu ouvi um choro desesperado do outro lado, me contando e pedindo coisas que até então não sabia que alguém podia entregar a mim, talvez nao desse pra perceber a minha falta de jeito pra tanto amor.
Lembro das passagens semanais e das infinitas ligações interurbanas, as nossas mentiras preferidas de que o ônibus sempre demorava, o esconderijo atrás da piscina com chuva, o que rendeu uma gripe e um cabelo horrível na segunda-feira, eu nunca disse mas a idéia de vender a bateria e nos sustentar por um mês era realmente incrível, pq nao fizemos?
Eu era só uma adolescente que nao sabia nada, nao queria nada, e ainda assim queria mais... eu tinha toda a vida dele pra cuidar, o proteror solar pra passar, o cadarço pra amarrar, toda a bagunça da vida dele era minha, tão minha, mas eu nao podia com duas vidas, tinha o melhor nas maõs e joguei, como quem joga sua melhor coisa no lixo e se lembra depois, quando já nao existem caminhos pra voltar.
A terceira e última vez que te ouvi chorar foi quando você disse que estaria esperando, embora eu ache que voce falou com tudo que tinha dentro de voce, nao foi assim, alguém te refez de um jeito que não me agrada, ainda prefiro todo o seu desleixo e todo o jeito que você tinha pra agradecer a mminha existência, mesmo que nao passe na sua cabeça, ou passe, eu também agradecia pela sua, e mesmo que ninguem entenda, eu sei que voce sabe, que agora eu saberia, agora eu seria...
e nós sabemos, como é demorada e insuportável a espera do telefone tocar...

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